04/03/2021
O APOSTILAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
No Estado de São Paulo, muitos municípios têm adotado o uso do sistema apostilado de Ensino de grupos já consolidados no sistema privado de ensino.
Sistemas de ensino como Anglo, COC, SESI, Positivo, etc., têm elaborado material didático para escolas municipais e estaduais de todo o Brasil, apresentando a ideia de melhoria da qualidade de ensino, formação continuada dos professores e equipe escolar, disponibilização de recursos educacionais avançados, apoio aos processos de avaliação da aprendizagem: acompanhamento dos processos educativos, dos resultados alcançados e do desempenho dos alunos, apoio à gestão escolar, desenvolvimento de planos de ação e projetos, assessoria pedagógica para acompanhamento em sala de aula, suporte para avaliações governamentais (Estadual e Federal) , serviço de apoio à inclusão educacional.
De acordo com estes sistemas de ensino, o objetivo é oferecer suporte e aperfeiçoamento constante aos professores e ampliar as possibilidades de aprendizagem dos alunos.
Vale ressaltar que, o apostilamento é amplamente utilizado atualmente por muitas pré-escolas do sistema privado de ensino.
Não há normatização para a adesão ou não do apostilamento na educação infantil. Cada escola e rede de ensino têm autonomia para escolher e definir o melhor sistema de ensino, desde que respeitadas as diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Diante disso, muitas dúvidas surgem para o porquê de tantos municípios buscarem um sistema apostilado de ensino. Muitas secretarias municipais de educação afirmam que o objetivo maior é a questão da melhoria da qualidade do ensino, oportunizando um melhor e mais completo conteúdo educacional. Entretanto, muitos especialistas em Educação afirmam que os livros didáticos e paradidáticos enviados pelo Ministério da Educação, por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), são bons, ajudam muito na alfabetização dos alunos e são um dos principais veiculadores do conhecimento sistematizado no contexto escolar. E na Educação Infantil, o Ministério da Educação orienta que até os 5 anos de idade, nas creches e pré-escolas sejam priorizadas as brincadeiras e jogos, ou seja, deve-se levar em conta as atividades lúdicas, adiando assim, a aplicação do ensino sistematizado, com mais regras e cobranças.
Muitos educadores se posicionam contra a prática nessa etapa da vida escolar, pois afirmam que as aulas e atividades pedagógicas são padronizadas, em uma fase onde as crianças precisam de estímulos diversos associadas a brincadeiras, para conhecerem e experimentar o mundo a sua volta. O uso das apostilas fariam então, as aulas e as atividades ficarem limitadas e restringiria a criatividade e a experimentação das crianças.
Sem mencionar que este material não tem a participação do professor da turma na sua elaboração, os conteúdos muitas vezes, não estão de acordo com as necessidades de aprendizagem referentes à faixa etária a que se destina, tampouco com os recursos pedagógicos disponíveis na escola.
Mas aí é que está a questão! O problema não é o material e sim a forma como se usa. A apostila não pode ser o único recurso disponível e usado por professores e alunos em sala de aula. Ela deve ser mais um instrumento de trabalho em sala de aula, juntamente com o uso dos livros de história, as rodas de conversas, as brincadeiras, músicas, jogos e por aí vai!
O importante é sempre lembrar que a apostila é material organizador das atividades, mas nada substitui o trabalho do professor. Apostilas custam mais caro e não passam por processo de avaliação técnica por especialistas em educação, como os livros didáticos adquiridos pelo PNLD.
A adoção do sistema de ensino apostilado por municípios, muitas vezes também resulta em elevação do Índice da Educação Básica (Ideb) e no aumento das notas nas avaliações promovidas pelo MEC. Em teoria, facilita também o trabalho dos professores no planejamento das aulas, tornando um fio condutor a se seguir, mas também pode ter um efeito colateral, a padronização tanto nas atividades, como nos discursos dos professores, alunos e gestão municipal, criando assim amarras, ou seja, apoiados nas apostilas os professores deixarão de planejar cada aula e buscar novas estratégias e recursos para enriquecerem suas aulas.
Há uma enorme e ampla variedade de
sistemas de ensino apostilado pelo país, com ofertas de uma infinidade de
materiais que diariamente chegam às Secretarias Municipais da Educação,
propondo sucesso e qualidade no ensino oferecidos pelos municípios. Sabemos que
as polêmicas com relação ao tema estão longe de terminar e ainda percorrerão um
longo caminho de debates e reflexões sobre os prós e os contra a respeito da
adoção destes sistemas de ensino. E estas questões não se esgotam aqui.
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